Roma, 14 de junho (Adnkronos) – "Eu trabalharia com Tim Burton novamente? Eu o respeito muito como artista, mas estou com ele." Monica Bellucci não decepciona e, com classe e elegância, discursa diante de um pequeno grupo de jornalistas na 71ª edição do Festival de Cinema de Taormina, onde celebra o 25º aniversário de "Malena", que filmou na Sicília com Giuseppe Tornatore.
"Um filme muito atual — ela observa na penumbra do quarto onde o branco total do seu olhar acentua seu charme — é uma história atemporal. É sobre uma mulher em um mundo de homens que precisa lutar para sobreviver."
O filme ("Tornatore me propôs a ideia quando eu estava em Porto Rico e, anos depois, me chamou para fazê-lo", revela) "tem sua própria razão conceitual de ser, mas também de como foi filmado", explica Bellucci, que, com a imagem do filme, também é o cartaz escolhido para representar a 71ª edição. "Agradeço muito a Tornatore porque tive uma experiência artística e humana muito bonita e porque passei muito tempo na Sicília, acolhida com tanto carinho e calor". E à Sicília, ela prevê, retornará em breve. "Tenho que terminar um thriller, estou filmando um filme francês de Lea Mysius baseado em 'Histoire de la nuit' e depois irei a Palermo em julho para um filme com Giovanni Tortorici". A atriz revela que o tempo, e principalmente a maternidade, mudou sua perspectiva de vida: "A paixão pelo meu trabalho continua viva, mas a importância das coisas muda. Hoje, meu trabalho não é minha prioridade. Minhas filhas são minha vida, porque você sempre vive a vida dos outros, mas chega um momento em que você também precisa viver a sua".
O relacionamento com as filhas é muito importante, em casa elas dão conselhos e conversam muito sobre cinema (sua filha Deva também é atriz), mas não só isso: "Discute-se muito sobre a diferença entre realidade e imagem, mas no fim ela sabe mais do que eu", sorri Bellucci. A maldade e os julgamentos "são úteis" — observa ela quando questionada se se preocupa com aqueles que pensam que sua filha ficou famosa graças a ela — para entender as coisas e fazer um julgamento sobre si. De alguma forma, tudo serve para crescer. Apaixonada por Tim Burton, o diretor americano com quem mantém um relacionamento desde 2023, ela não se esquiva de perguntas sobre o amor: "O amor é algo difícil de explicar", enfatiza. "A única coisa que muda com o tempo é que duas almas adultas também falam com suas experiências, e é outra maneira de discutir".
Tudo em Monica Bellucci lembra as divas do passado, mas ela desvia o olhar: "Não me sinto assim, me sinto como uma pessoa grata por ainda estar aqui e por fazer este trabalho que gosta", explica. "Vivo como uma atriz que tenta aprender coisas, sou grata por este trabalho ainda me permitir dar vida à minha criatividade". Catherine Deneuve "disse que não se sente uma diva. Para mim, ela é uma diva, porque é uma mulher que te faz sonhar".
E admitindo que adora "jovens realizadores, trago a minha experiência e gosto de ver o que têm para ensinar, sabem muitas coisas", explica como escolhe os papéis a interpretar: "Gosto quando surgem coisas que não conheço, projetos em que nunca tinha pensado. Isto é interessante para mim". No encontro, também há espaço para uma brincadeira sobre as questões jurídicas que afetaram o ator francês Gérard Depardieu, com quem Bellucci trabalhou, e, em geral, sobre o tema do assédio. "Quanto ao assédio, posso dizer que nunca me encontrei em situações com as quais não conseguisse lidar", diz ela. "Às vezes, situações embaraçosas, sim, mas que consegui lidar. Tive sorte".
Por fim, é impossível não mencionar a situação tensa que o mundo vive e as guerras em curso. "É tudo tão triste", diz a artista da Úmbria. Ela cita um conceito da vencedora do Prêmio Nobel Rita Levi Montalcini: "O homem é perigoso para si mesmo, porque somos capazes de evoluir tecnologicamente, mas nossa parte emocional não é capaz de controlar nossa inteligência. Precisamos de uma educação de qualidade que leve os homens a se respeitarem. Aqui, a educação é a única coisa que talvez possa nos salvar."